quinta-feira, 18 de abril de 2013

Diálogos de Natalina com Paulo Freire


 Maria Natalina de Oliveira Farias

Fragmentos muito importantes a época da escrita da minha dissertação a respeito do nosso mestre e sua influência na minha vida.

Farias, Mª Natalina de Oliveira. TRAVESSIA DA PRÁTICA DOCENTE: PAISAGENS QUE CONSTITUÍRAM A
FORMAÇÃO E O TRABALHO NUMA ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL. Dissertação de Mestrado. FE/Unicamp. 2006. págs.11, 12 e 13.

"A minha formação em Pedagogia, na PUC-Campinas, só reforçou o propósito e a escolha que havia feito. Foi apresentado um sujeito, um educador que me encantou imediatamente: Paulo Freire.

Em Pedagogia do Oprimido (1987) e na Educação como Prática da Liberdade (1989), conheci os fundamentos e o pensamento desse autor. Li e entendi que a sua convicção era no homem como um ser de diálogo constituído pela palavra. Para Freire (1989) existir
humanamente é pronunciar o mundo, é modificá-lo. Não é no silêncio que os homens se fazem, é no encontro. O diálogo se impõe como caminho pelo qual os homens ganham significação enquanto homens. Uma exigência existencial. Portanto, o diálogo é um dos
pilares da pedagogia libertadora de Paulo Freire. O diálogo como posição diante da vida e do mundo, e dialogando com o mundo para entendê-lo e re-interpretá-lo estaria passando pelo processo de conscientização.

Segundo ele, a conscientização ocorre quando o oprimido chega à convicção da luta pela transformação social como sujeitos, não como objetos. E assim essa luta começa pelo auto-reconhecimento de homens que são e oprimidos que são. Por isso, para Paulo Freire, participação é engajamento.

O silêncio da outra parte é a denúncia viva do escândalo que é um povo silenciado, marginalizado e imerso na passividade. Outra condição para o diálogo é que ninguém, numa sociedade que diz ser democrática, seja excluído ou posto à margem da vida social. Ou seja, uma educação como prática da liberdade será possível quando se realizar numa sociedade onde existem condições econômicas, sociais e políticas de uma existência em liberdade.
 (...)
  A literatura mais marcante na minha formação acadêmica foi a literatura e o ideário freireano. A compreensão de que o professor também é sujeito que se constitui nas relações e interações com o outro possibilitava repensar os lugares de “aluna” e de professora que pretendia e que estava me propondo ser. Como diz FREIRE (1997 p. 16): Mulheres e homens somos os únicos seres que, social e historicamente, nos tornamos capazes de apreender. Por isso, somos únicos em quem aprender é uma aventura criadora, algo, por isso mesmo, muito mais rico do que meramente repetir a lição dada. Aprender para nós é construir, reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao risco e à aventura do espírito. (...)

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